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Pecados econômicos

Publicado em: 28/05/2015 por CBN-SP

Apropriação

Dentro desse pequeno espaço gostaria de comentar mesmo que superficialmente, sobre a ética econômica. Apesar de nós evangélicos teoricamente não fazermos distinção entre pecados mortais e veniais, na prática fazemos uma gradação de atitudes pecaminosas onde as falhas na área sexual encontram primazia, enquanto os da área econômica nem são notados. Nem é preciso dizer que para Deus essa classificação é absurda. O exemplo da mulher adúltera em João nos mostra duas classes de pecadores (os flagrados e os escondidos) que são igualmente culpados diante Dele. É necessário entender que uma conduta imoral nos negócios é, na verdade, pecado contra a justiça, a verdade e o próximo.

A fraude, propinas, troca de benefícios desonestos, corrupção, evasões fiscais, sonegação de impostos, subvenções fraudulentas, salários injustos e tantas atitudes consideradas normais nesse nosso “capetalismo selvagem” atentam contra os valores do reino de Deus. É impensável errar na área econômica sem atingir alguém, quando se sonega imposto várias pessoas deixam de ser assistidas. Há uma baixa em vários setores essenciais como a educação, a saúde, a segurança etc. Há os que comentam que sonegam porque o governo é incompetente e corrupto na administração da coisa pública. Outros por acharem que as taxas são muito altas ou injustas. Mas grande parte dos que sonegam não utilizam a força do voto e da organização social como instrumento de mudança das leis consideradas prejudiciais. Falta para grande parte do povo evangélico uma participação responsável e consciente na política. Somos servos ou não? Então sejamos mordomos também nessa área.

No Pentateuco o povo de Israel era obrigado a observar uma série de leis que visavam o equilíbrio nas relações econômicas. No ano de jubileu os escravos eram libertos e as terras que haviam sido negociadas durante vários anos eram devolvidas para os seus antigos donos. Os que faziam a colheitas tinham que deixar sobras para os pobres da terra como também o fruto que brotava da terra no ano sabático. Entre os profetas. Amós condena aqueles que acumulam egoísticamente e se enriquecem às custas da pobreza do outro. “Ouvi isto, vós que anelais o abatimento do necessitado, e destruís os miseráveis da terra, dizendo: quando passará a lua nova, para vendermos o grão? E o sábado para abrirmos os celeiros de trigo, diminuindo a efa, e aumentando o ciclo, e procedendo dolosamente com balanças enganadoras” – Amós 8.4-5. No Novo Testamento a riqueza desmedida também é condenada. Tiago faz uma crítica contundente aos ricos opressores no capítulo cinco: “Eia pois agora rico chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de vir, as vossas riquezas estão apodrecidas, e os vossos vestidos estão comidos de traça…Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído, clama: e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos.” – Tiago 5:1.2 e 3.

Atualmente percebemos uma ênfase exagerada na prosperidade financeira. São feitas correntes, campanhas, “mandingas evangélicas” e toda sorte de oração reivindicando os benefícios do céu na terra. Muitos evangélicos no afã de possuírem símbolos de status e do consumo se endividam e entram em negócios escusos. Reuniões de empresários evangélicos são convocadas de todos os lados e infelizmente poucas têm em sua pauta o assunto da necessidade do órfão, da viúva e do estrangeiro. Recentemente um pregador da Teologia da Prosperidade, quando perguntado por um jovem se ele não considerava pecado andar com uma mercedes em um país com tantos pobres (o pregador possuía uma e mais dezeseis carros), respondeu sem titubear que não tinha culpa se ele era filho de Deus e os outros não.

Que Deus tenha misericórdia de nós.

 

Pr. Mauricio Abreu de Carvalho

 

 

 

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