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Os Dez Mandamentos

Publicado em: 11/01/2016 por CBN-SP

Dez Mandamentos

A novela Os Dez Mandamentos exibida pela Record se tornou campeã de audiência sobrepujando a poderosa Rede Globo. Muitos evangélicos sinceros ficaram grudados na telinha curtindo cada episódio que explorava as empolgantes narrativas bíblicas.

Até onde ela representou um bem ou um mal? Transmitiu uma verdade ou fantasia? Que influência trouxe para as pessoas que a assistiram?

Trago a lume texto do articulista Eugênio Bucci no jornal O Estado de São Paulo, intitulado “Política e Milagre na TV”. Antes, porém, tenho que frisar que não concordo com todo o artigo, mas com parte dele.

“As novelas, depois de exibidas envelhecem aceleradamente, até virarem fósseis da indústria cultural”.

“Seu brilho é tão intenso quanto passageiro, – a sua arte é o efêmero”. “A novela Dez Mandamentos não foi exceção”.

Uma novela, um filme, romance, ou qualquer outra obra de arte retratando narrativas bíblicas jamais expressarão com fidelidade o texto bíblico, disto decorre que temos que ter todo cuidado ao assistirmos novelas ou filmes que procuram se basear na Bíblia.

Aliás, seria recomendável nem assisti-los.

Os aplausos, entusiasmo, vibração com que muitos evangélicos assistiram a novela deve ser motivo de muita preocupação por parte daqueles que buscam um cristianismo puro e fiel aos ensinos de Cristo.

Por trás da mensagem televisiva está “uma conclamação de engajamento e mobilização social”.

“O Moisés mítico não entrou em cena como personagem antigo, descolado do nosso tempo, mas como um líder político atual”.

“Não é difícil constatar que vem recrudescendo um modelo, por assim dizer, tele-eclesiástico de organização política das massas”.

“Querem o poder e estão quase lá”.

Se a novela contém uma mensagem subliminar, preciso ter o cuidado de não cometer o mesmo erro, porque a intenção é despertar o espírito crítico, um discernimento espiritual.

Deixo ao juízo de cada um pensar qual seria a intenção da novela – glorificar a Deus?

Se assim o fosse deveria procurar expressar a verdade e não a fantasia.

Os heróis da Bíblia são diferentes de todos os heróis cultivados pela cultura humana. São vasos de barro, a excelência do poder não pertence a eles, mas a Deus.

Não procuram comover, nem entreter, mas transformar. Não visam o domínio do mundo presente, porque Jesus deixou claro “meu reino não é deste mundo”.

O seguimento religioso por trás da Record procura e ambiciona o poder terreno, flerta com ele, e usa meios carnais para obter fins supostamente espirituais.

Seriam puras então suas motivações ao explorar temas bíblicos em suas novelas?

O Moisés bíblico não busca o reino de Deus na terra, mas está consciente de que é um instrumento, um detalhe, de uma estratégia celestial que não se limita ao tempo, mas se projeta pela eternidade.

Ele erra no início da sua história, matando um egípcio, e ao final quando deixa de falar a rocha como Deus mandou e desobedece ferindo-a com a vara.

É retrato da nossa fraqueza, mas que se torna forte, mediante a compaixão divina – “a misericórdia do Senhor é a causa de não sermos consumidos”.

Essa misericórdia redime Moisés, coloca-o na galeria dos heróis da fé dizendo que ele ficou firme como que vendo o invisível.

Só na consciência de que somos fracos é que experimentamos o socorro divino e a vitória.

Jesus deu um golpe mortal nas motivações triunfalistas do povo judeu ao morrer como criminoso para redenção da humanidade.

Teria a novela Dez Momentos fins triunfalistas, políticos, sementes de um engajamento social com fins de obter mais poder (do que já tem)? Ou é um meio evangelizador e transformador de corações?

“Dedicam-se ao culto da televisão, esse bezerro de ouro inventado no século 20 que ainda opera milagre no século 21”.

Pelo visto, será muito fácil o Anti-Cristo enganar os incautos.

“Vigiai e Orai”, “o Senhor virá como um ladrão”, ele nos encontrará dormindo, ou com as lâmpadas acesas?

Destaco mais uma frase do já referido articulista:

“A cristianização de um escândalo institucional que seria impensável em qualquer democracia madura – a convergência entre partidos políticos, igrejas e redes de rádio e televisão, numa triangulação promíscua que atenta frontalmente contra os princípios do estado laico.”

A novela infunde numa linguagem sublimar (a nível do subconsciente) do deus “ex machina”, deus a serviço do homem, do humanismo secular (o homem como medida de todas as coisas), desperta um sentimento triunfalista, longe, muito longe do evangelho do Cristo crucificado, poder de Deus e sabedoria de Deus para a salvação de todo aquele que crê.

O Cristo sem lugar para reclinar sua cabeça, de uma só túnica, sandálias nos pés, mãos transpassadas por cravos, continua sendo um desafio para todos nós, para nossa racionalidade, santidade, ao mesmo tempo um despertar da consciência de total impossibilidade de sermos salvos a não ser tão somente pela incrível e arrebatadora graça divina.

No meio caótico em que vivemos somente nos resta confiar nessa graça e nela depositar toda nossa fé e esperança.

Que Deus nos ajude!
Edson Quinezi

 

 

 

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